DESISTIR É DAR RAZÃO AO CAMINHO MAIS LONGO PARA A FELICIDADE. (sf)

08/07/2010

pufff...

São muitos os que falam em solidão. O pavor de viverem sózinhas, de não terem uma companhia que os faça sentirem-se... acompanhados.
Eu, vivo sózinho. Não sei se será indelicadeza da minha parte ou não, mas perdi esse pavor, esse medo e, nem tão pouco, me sento a pensar no que seria se estivesse a morar com alguém. Tive, no antigamente, no meu pior momento, muito medo de estar sózinho. Quando era casado e a minha mulher saía para trabalhar, eu ficava com o tal pavor de estar sózinho e tantas eram as vezes, que perguntava a mim próprio, e se te sentes mal, se tens uma crise, se desmaias, se... se... se... Era graças a todos estes "ses" que o pavor aumentava, a ansiedade e a necessidade de, ou me deitar, ou me sentar, muito quietinho, a olhar para o relógio para ver quando chegava a hora da minha mulher regressar a casa. Quantas vezes me sentava à janela, dizem vocês: para veres o movimento, para te distraires, que bom, assim o tempo passa mais depressa. NÃO, não era por isso. Quantas vezes me sentava à janela para ver que carros, de vizinhos, estavam estacionados e que me davam a certeza de que eles estariam em casa e, caso me sentisse mal, saberia a quem recorrer. Por um lado era bom, mas o principal, era errado, muito errado.
Tudo era medo, apenas queria ficar sentado, ou deitado e a ouvir rádio, ou a ver televisão. Acreditam que era antes da minha mulher sair de casa, para o trabalho, que eu me levantava para tomar banho? Porquê? O medo... o medo de ficar sózinho e pensar que me sentiria mal na banheira e assim, ainda tinha a sua companhia.
Meus caros (Bipolares),
Há coisas do Arco-da-Velha.
Não sei, nem quero saber, o que será o dia de amanhã, mas o que sei é que, com o divórcio, fui "obrigado" a viver sózinho, a procurar casa e adaptar-me à nova condição de vida.
Falei, quando ainda falava, com os poucos familiares que tenho, para uma possível partilha do seu espaço, de um quarto, da companhia. Ninguém considerava reunir condições para me acolher. Não os condeno, era, também para eles, uma mudança de vida e isso, qualquer um sabe o quanto pode acarretar e dar que pensar.
Tive o "respeito" da minha ex-mulher e, como pai do nosso filho, de permanecer em casa até encontrar uma outra para viver. Foi-me disponibilizado um quarto e todo o restante uso da casa.
É um agradecimento, que hoje, não há palavras que dignifiquem tamanha ajuda, tamanho respeito por mim.
Bem, deitei maos à obra e, apareceu. Até nem foi muito díficil, encontrar a tal casa que implicava a mudança de vida e, o medo...o medo de como seria. Não só pela doença e os meus traumas, mas acrescentando o facto de deixar de viver com o meu filho, todos os dias. Podem crer e isso não é para os assustar, mas é um momento da nossa vida que nos afecta muito. A casa estava encontrada e aos poucos fui levando alguns pertences, mas o passar do resto do dia, o dormir, ainda era na casa da minha ex-mulher. Não estava preparado e não conseguia controlar o medo.
Meus caros (Bipolares),
Nenhum dia é igual a outro e...
Acreditem, foi um "pufff..." que bateu na minha cabeça.
Um certo dia e, quando me encontrava a arrumar e a fazer alguns trabalhos como, limpar janelas, chão, paredes, prateleiras...etc, que me senti cansado e me deitei na minha cama, já armada. Entretive-me a ouvir todo o ambiente exterior, o movimento de carros, de pessoas e outros, todos eles novos para mim. Sei que adormeci e ao acordar, de imediato vou a uma das janelas, com vista para a baía e puz-me a pensar...apenas pensei e olhei todo aquele movimento. Peguei o telemóvel e disse à minha ex-mulher... Hoje fico aqui a dormir!
Meus caros (Bipolares),
Muito havia para contar, mas apenas uma, é para mim, o "marco" de uma nova vida.
As palavras que hoje vos estou a escrever são, ainda, como se esse dia, o do "pufff...", não tivesse terminado e eu ainda aqui estou, sózinho...na minha casa. Tenho muitas coisas para fazer, ainda.
Tem sido uma diferença como do dia para a noite, claro que não posso deixar de salientar o quanto partilhei com os meus médicos, esta nova mudança e o quanto foi colaborante, um reajustar de medicamentos. De outro modo não fazia sentido. O facto, é a pogressão, positiva e no quanto me sinto bem com as minhas "quatro paredes" que me pedem dedicação e, me impedem de pensar, no que não faz falta para as embelezar... O MEDO DE VIVER SÓZINHO,
porque não me sinto. Tenho muitos motivos que me ocupam.
(continua)