DESISTIR É DAR RAZÃO AO CAMINHO MAIS LONGO PARA A FELICIDADE. (sf)

01/10/2010

um segundo = a resistir...

Vejo-me na necessidade de partilhar convosco, a dificuldade e consequências, que observo, sinto, das pessoas que não sendo portadoras da doença Bipolar, têm em lidar com os que dela padecem.
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Se, já de si, é penoso para o doente, acreditem que muito mais o é, para com quem lida com o próprio.
A doença Bipolar tem muitas variantes, apenas, porque ninguém é igual a ninguém e, assim sendo, ela revela-se na dependência, também, e muito de acordo com a postura de cada um.
Costumo dizer, que quem convive com um doente bipolar e refiro-me, principalmente, aos que partilham o mesmo tecto, tanto conjugal, familiar e profissional, é tão Bipolar quanto o doente.
Porquê?
Todos nós, em geral, doentes e não doentes, temos dias bons e outros maus, não só porque estamos sujeitos aos contratempos que o dia-a-dia nos "oferece" e com os quais somos "convidados" ao confronto, bem como, a diferença de carácter e sociabilidade que temos e todos pode... afastar ou, unir.
Pois bem, tudo isto para dizer, que há doentes Bipolares, receptivos e outros, que se negam, assim como, falando nos que convivem com os Bipolares, também há os que aceitam, sofrem e se mantêm no esforço de ajuda, bem como, os que simplesmente se afastam, é demasiado forte para o seu "estar" e não perfilha com o seu modelo de vida.
Tudo se resume ao carácter e postura de personalidade de ambos.
Falando, concretamente dos, não Bipolares, que aceitam o "receio" de conviverem com um portador da doença posso, apenas, dizer que pode estar perante alguém que privilegia o acreditar viver em harmonia e bem-estar, sendo que, aceita a doença, a ela se dedica, aprendendo a conhecê-la nos seus momentos, altos e outros, baixos, dando-se ao respeito pelos seus médicos, mas muito principalmente, favorecendo o diálogo, saudável, com quem partilha o mesmo tecto. Nesta situação, que é possível, é real em muitos casos, existe VONTADE, ALEGRIA, HARMONIA. Porém, infelizmente...
há FRAQUEZA, DESINTERESSE, INFELICIDADE, por outros tectos e refiro-me, aos doentes que têm como palavra de ordem NEGAÇÃO.
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Caros Bipolares,
Com esta postura os vossos sorrisos não são verdadeiros, reais, sentidos.
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É nestes casos, NEGAÇÃO, que conviver com o doente Bipolar, seja debaixo do mesmo tecto ou, profissionalmente e outras situações de convívio, se APELA, à grande capacidade de compreensão, tolerância, conhecimento da doença, seus síntomas, ajuda, sem pressões e, embora com muita dificuldade, motivação, para promover o diálogo, que se quer simples, mas convincente, para o doente conquistar um restabelecimento, mínimo, do seu equilibrio que se revelará, na participação, onde a calma, a aceitação dos síntomas, o dar-se a ouvir, se vão sentindo, são visíveis. Agora...
Não sendo possível, pela grande resistência do doente e falta de visão racional, da fase que está a atravessar... não admite sequer, qualquer diálogo, apresentando até, uma terrível Falta de Humor, onde tudo o que se lhe possa dizer, para ele são contrariedades, rejeição... aí, requere-se a ida à urgência médica, o que será bem difícil de o convencer.
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É uma luta demasiado "injusta" para quem lida com os doentes Bipolares.
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Caros Bipolares,
Por favor, saibam aceitar a doença, saibam reconhecer, antecipadamente, momentos de crise que se aproxima, partilhando com os médicos e companheiros mais directos, os síntomas e resistam ao caminho do sofrimento. Aceitem, quando alguém que vos conhece e sabe do vosso sofrimento, da doença, vos revela notarem-vos diferentes em atitudes e, permitam o diálogo. Façam um esforço por pensar, por segundos, qual a vida que desejam se, em equilibrio ou... na desgraça.
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Sei, por experiência própria, em tempos, o quanto custa admitir que estou com determinadas atitudes, que me levam a pensar poder estar a entrar no princípio de uma crise. São muitos e muitos mesmo, os que não se interessam e... caem nas consequências. Agora, pensem uns segundos, como disse, e digam-me se não será mais tranquilizador e, simples, chegar junto do nosso/a companheiro/a e perguntar... Notas alguma coisa de diferente em mim?
A resposta que obtivermos é importante. Pode ser a confirmação do que possam estar a sentir e, de imediato, entram no estado de "tratamento" preventivo, evitando o sofrimento.
Sendo a resposta o contrário, não...não noto nada de especial, nesse caso, podemos usufruir do continuado "sorrir". Contudo, insisto...se a situação for a de sentir alterações como, uma enorme boa disposição acompanhada de risos por tudo e por nada, o intrometer-se em conversas que não lhe dizem respeito, um humor exagerado, gastos infundados, falta de respeito com os medicamentos, não os tomando, ou uma tremenda tristeza culminando com uma terrível Falta de Humor onde tudo é visto como contrariedade, discussão, isolamento, falta de interesse pelo que é o seu ritual diário como, higiene, falta de apetite, não conseguir concentrar-se e ler com sentido interpretativo, etc, repito...há que admitir e saber o caminho a percorrer. Repito, um primeiro diálogo com alguém de nossa confiança, é meio caminho andado para controlar e dar valor a um melhor Bem-Estar.
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Acredito que muitos possam pensar que são conversas de blá...blá...blá. Eu recuso-me a pensar assim e por isso, aqui estou a "confessar" experiências minhas.
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É doloroso, para quem não sofre da doença, conviver connosco se não dermos valor à Aceitação.
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até
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