DESISTIR É DAR RAZÃO AO CAMINHO MAIS LONGO PARA A FELICIDADE. (sf)

17/02/2010

Foi mas...já não é.

Estamos na fase em que o final do Ano que passou, nos revela os momentos onde a alegria, a reunião com amigos e familiares, o ambiente festivo, despertaram um "viver em alienação sem limites de pensamento" e tudo valia para um estar numa harmonia "enganadora" mas, prazerosa. O tempo esgotou esses dias e o Ano entra na rotina, como muitos outros já passaram. É agora que se começa, para todos em geral, a fazer o reconhecimento das consequências, positivas e negativas. Para uns, a felicidade em crescendo mas, para outros, os excessos fizeram danos e começam as preocupações.

Muito bem mas, perguntam vocês, o que tem isto a ver com a doença Bipolar?

Tem, tem tudo. Tudo a ver com fases que se estão a atravessar, menos boas e, resultado da dita alienação de pensamento.

Não sou excepção e tudo vem a "lume" na nossa mente que, perturbada, é um amontoado de, "puxa...porque não pensei antes de fazer"?

É certo que a época era convidativa mas, os pensamentos, as indecisões, as decisões, requeriam cuidados. Na verdade, o que agora há a fazer é o admitir que o que está feito está e nada pode voltar atrás mas, é neste momento que nós, Bipolares, temos de saber usar os nossos conhecimentos, a que estamos habituados, e lidar com as negatividades da doença, recuperando o acalmar da mente, não nos criticarmos mas sim, ver o presente como um bem ao qual chegámos sendo que, há um muito que "rever" e amenizar.

Todos sabemos que se fizeram gastos que não estavam na nossa capacidade. Todos sabemos que nos excedemos em folias que desrespeitaram a nossa concentração, que foram dias de horas exageradas, noites perdidas, bebidas que se tomaram, atitudes e postura menos próprias, faltas de humor, dias terriveis de mau-estar e, fundamentalmente, entre muitas outras situações, as negligenciadas falhas de medicamentos ou, desorganizadamente, tomados.

Meus caros, não quer dizer que tenha passado por todas estas experiências mas, não nego que vivi algumas delas e algumas outras, não mencionadas, pois se enumerar todas as que estamos sujeitos, teriamos um livro aqui publicado. Não esqueçam, todos somos diferentes e nada é igual para ninguém, nem mesmo para os que não são portadores da doença. Agora, uma coisa é certa,

estamos na altura ideal de reflectir e assumirmos o pedir ajuda. São os médicos e todos quantos connosco convivem e entendem as nossas fases menos boas. Não podemos valorizar a Rejeição e desperdiçar a disponibilidade Amiga.

Há que explicar que o pedir ajuda, não é o querer dizer "que se dane, não correu bem, alguém me vai safar". Errado. O que se pretende é assumirmos a obrigação de arranjar estratégias de solução e, aceitarmos a opinião dos que nos ofereçem confiança e nos conhecem, assim como, o não entrar, novamente, em negligência, nesta situação e nos escusarmos à visita aos nossos médicos. Digo-vos que já fui. Tive essa necessidade e não a neguei. Fiz para poder retomar um equilibrio mental que me ajude a chegar ao meu bem-estar, afinal, nunca se sabe quando haverá necessidade de rever as dosagens dos medicamentos.

Reafirmo, foram muitos dias em que andei numa fase onde a falta de humor e a arrogância para com os outros, era assustadora. Felizmente que há quem resista e me faça entender que estive, notem: estive, numa fase que quase pensei ter de recorrer a um internamento mas...fez-se luz. Tive esse alguém que, sabendo da doença, acreditou que eu era capaz de ultrapassar e convenceu-me.
Na verdade custou, custou de tal forma que voltei a ter medos e quase a isolar-me e a viver apenas com a entrega à doença. Mas, os dias não são iguais e, houve um que estava destinado a ser o meu e a dar-me a força de pensar, reflectir e atirar-me para aquilo que sou e não o que não sou.
Foi duro, mas finalmente consegui pensar que era capaz como outras vezes fui capaz. Demorou alguns dias, comecei a voltar a algumas rotinas e a "renascer" aos poucos. O bom-humor voltou a sentir-se e que o digam os Amigos e, a quase "nula" família que tenho e que se preocupa comigo. Este será sempre o meu desgosto. Embora, respeite as suas opções.
Estou aqui e a luz que vejo é brilho, verdadeira e gostosa. O passado é recordado e, o que era para resolver, já está.
Grito vitória, vitória porque, novamente, sinto a necessidade de continuar a fazer o que gosto e,
porque consegui, sem ter de recorrer a internamentos ou, a alterações de medicamentos, a minha médica não viu essa necessidade.
Acreditem, é uma sensação horrível quando recordo o martírio porque passei mas, é tão bom mostrar a quem comigo convive, a volta que consegui dar, a muito custo, para estar com a alegria que hoje vive comigo. Volto a sentir o prazer de estar, embora que sózinho, no meu cantinho, na minha casa e com o prazer, por exemplo, de aqui estar a partilhar, convosco, o que "foi" mas passou ao "agora".
O agora, é estar bem comigo, com os outros e agradecer cada dia que vivo.
até

(não esqueçam, ACREDITAR... vocês são capazes)