DESISTIR É DAR RAZÃO AO CAMINHO MAIS LONGO PARA A FELICIDADE. (sf)

26/07/2010

Adenda (Reparo), ao post anterior...

A verdade, a humildade e o respeito, são as palavras, que eu gostava, que todos os que me visitam e lêem, interpretassem como "Aquilo que sou".
Caros (Bipolares),
Por vezes, uma palavra tem várias interpretações e altera todo o contexto que queremos expressar e, por consequência, cria uma qualquer injustiça nas nossas intenções. É o caso que me trás aqui para, "reparar", uma dessas palavras, "REJEIÇÃO".
Referi no post anterior a situação de nós, bipolares, tantas vezes sermos vítimas de rejeição. Contudo, deixem-me realçar as situações que interpreto como rejeição, para boa interpretação.
  • Somos bipolares, padecemos de doença do foro Psiquiátrico, somos "maluquinhos" e digo-o desta forma porque, eu próprio já sofri esse rótulo, dito por outros considerados "normais" que, ainda, nos dias de hoje só assim vêem e rejeitam, quem anda em Psiquiatria.

  • Somos bipolares, vivemos e convivemos em comunhão. Até uma certa altura há, digamos, uma certa tolerância connosco, mas com a insistência da sintomatologia da doença, que se torna penoso para nós e mais, para os outros que tentam ajudar e não resulta, porque (muitas vezes) não aceitamos, a melhor alternativa (fruto do desgaste emocional) surge na separação (chamemos-lhe rejeição).

  • Finalmente e sem que nada tenha a ver com a doença, apesar de padecermos da mesma, mas sim, como um qualquer casal, se quiserem chamemos-lhe assim... "normal", se dá uma ruptura, separação, devido a incompatibilidades de, postura, mentalidades, modos de vida diferentes. (mesmo assim e não servindo de desculpa, mais evidentes e fragilizadas).

Meus caros (Bipolares),

Espero, ser fácilmente interpretado, expressando a justiça que eu e todos merecemos.

Reafirmo, que a ninguém em especial, me referia.

até

(agradeço a quem me fez ver que era útil este esclarecimento, porque o é).

25/07/2010

sentir...

Oiii...
Bom Dia, Boa Tarde ou, Boa Noite, conforme a altura do dia em que me visitarem.
Meus caros (Bipolares),
Não sei até que ponto as minhas palavras têm contribuído para, pelo menos, sentirem quais as opções que tomo para me manter, estável, tranquilo, não valorizando a doença.
É certo que não tenho, nem de longe, nem de perto, a intenção de me mostrar como que, um "sábio" da doença e/ou de convencer, quem quer que seja, de que a minha postura é a mais correcta. Nada disso. O meu objectivo, com este blogue, é partilhar a minha, humilde atitude, experiência, de viver com a doença, com todos que, ao me visitarem, sintam que não são os únicos que têm a difícil tarefa de ultrapassar os traumas que ela (doença) nos oferece.
Sabendo que nada nem ninguém é igual a qualquer outro, temos de reconhecer que, também, as atitudes, as alternativas, as estratégias a utilizar para "dar a volta", pela positiva, face à doença, são inúmeras, diferentes entre uns e outros. É com essa intenção que ao ter criado este blogue, mostre, o que não é para ter receio e, falar sobre a doença criando um "Pseudo-Fórum" de opiniões.
Procuro, acima de tudo, ajudar e ser ajudado.
A Doença Bipolar, ainda hoje, é um tabu para muita gente que, pelo seu nome, não a conhece e, só porque se trata de uma doença do foro Psiquiátrico, logo à partida, tem o seu "rótulo".
É muito triste quando estamos em vonvívio, sentirmos que estamos a ser "afastados, ignorados", porque somos (desculpem a expressão, mas já ouvi, pelas costas, o rótulo) "maluquinhos" e não termos lugar no mesmo espaço de "inteligência" que essas pessoas ou, sermos os bobos da festa. Pura ignorância e falta de sensatez de quem assim pensa. Essas pessoas só têm razão se; permitirmos ser vistos dessa forma e alimentarmos, ainda mais, as suas razões, entrando em devaneios que, apenas, fazem rir e, quantas vezes, sermos usados, gozados, perdendo a completa noção das nossas atitudes.
Caros (Bipolares),
Seria desilegante da minha parte e injusto, não dizer que o contrário também nos favorece. Há, também, pessoas que ao conviverem connosco, tiveram o respeito por nós e se dedicaram a "estudar", um pouco, a maneira de nos ajudar a sair do "poço" nas nossas piores fases, a lerem sobre a doença. Tantas são as vezes que sofrem, mais que nós, mas são dedicadas e consideram-nos "seres" com grandes atributos, potencialidades. A esses, devemos o nosso respeito e agradecimento.
Acreditem no que vos digo, se é que já não sabem, por vezes julgamos estar a ser bem considerados e somos ouvintes de bonitas palavras, mas quando menos se espera, somos "rejeitados" sem oportunidade de mortrarmos o que valemos e o coração de que somos donos. Se todos os Bipolares são assim... não, não são, porque existem muitos que desrespeitam as regras clinicas para a nossa estabilidade e, como diz o ditado, "paga o justo pelo pecador".
Meus Caros (Bipolares),
Aceitem a vossa doença, não a valorizem, seguindo as regras e, respeitem-se, respeitando os outros, quer sejam bons ou, menos dignos. Todos nos avaliam, agora, o que eles não sabem é que, nós (Bipolares), também temos competência, inteligência e coração, para os avaliar...
A razão não está só do lado de quem não padece da doença, mas são muitos que assim pensam.
volto

17/07/2010

pufff...(continuação)

Tenho muitos motivos que me ocupam... (terminámos aqui o texto anterior).
Quando se vive sózinho e se padece de uma doença (por favor não me façam de coitadinho), deste tipo (Bipolar), apesar de não ter cura, deixem-me que vos diga desta maneira, a única cura, é não lhe darmos demasiado valor e convencer-mo-nos que se ela mexe connosco, também, de nós não se livra, terá a nossa resistência.
Quando digo que tenho muitos motivos que me ocupam, um deles, por exemplo, é dedicar-me às palavras e escrever. Ahh...não gostam de escrever? Mas não acredito que não tenham outros prazeres. Eu, também gosto muito de cozinhar e tenho de cozinhar, afinal, vivo sózinho e o dinheiro, não me possibilita comer fora todos os dias. Aborrece-vos cozinhar? e ler um bom livro, também não? Ver um bom filme, ou em casa, ou ir ao cinema? Ok...não têm pachorra para estar tanto tempo agarrados à televisão, ou não vos apetece aperaltar para irem a um cinema. Bem, vão-se esgotando os motivos que nos façam estar ocupados. Que tal ouvirem uma boa musiquinha e relaxarem no sofá? pronto... barulhos. Costumo dizer que "desistir é dar razão ao caminho mais longo para sermos felizes". Conhecem alguém que, cada um à sua maneira, não queira ser feliz? Sei... Aqueles que se convencem que a vida, nada mais lhes pode oferecer senão, o serem doentes e viverem sózinhos, certo? ERRADO.
Meus caros (Bipolares),
Não posso negar que, não sendo os dias todos iguais, não tenha momentos em que penso que estou sózinho e, coincidência...
Hoje estive acompanhado do meu filho, veio dormir comigo esta noite. Hummm, que alegria, estar com ele (tem 12 anos), sentir o seu cheirinho, ver a sua cara, o seu corpo. Olhar para ele e tentar aperceber-me, se ele já está mais crescido, preparar-lhe o almoço que ele gosta, ouvi-lo a contar anedotas que ouviu na escola. Enfim, partilhar com ele conversas de fazer rir e, também, conversas sérias, daquelas de pai para filho. Mas onde está, afinal, a tal coincidência de que falo?
A mãe veio buscá-lo a meio da tarde e, mal fechei a porta, logo senti um vazio, não só em casa, mas principalmente, dentro de mim. Ok, isso é muito triste, mas e a tal coincidência?
A tal coincidência, é que há momentos em que, afinal, também eu me sinto sózinho, eu que digo que não me sinto só, venho, agora, dizer que me sinto sózinho? Há momentos e, como disse, os dias nunca são iguais, então?
Meus caros (Bipolares),
Tive de arranjar um motivo para estar ocupado e estabilizar esse sentimento, ele está visível... Optei por estar a escrever e partilhar convosco, um momento mau, para mim. É a tal resistência.
(Continua)

08/07/2010

pufff...

São muitos os que falam em solidão. O pavor de viverem sózinhas, de não terem uma companhia que os faça sentirem-se... acompanhados.
Eu, vivo sózinho. Não sei se será indelicadeza da minha parte ou não, mas perdi esse pavor, esse medo e, nem tão pouco, me sento a pensar no que seria se estivesse a morar com alguém. Tive, no antigamente, no meu pior momento, muito medo de estar sózinho. Quando era casado e a minha mulher saía para trabalhar, eu ficava com o tal pavor de estar sózinho e tantas eram as vezes, que perguntava a mim próprio, e se te sentes mal, se tens uma crise, se desmaias, se... se... se... Era graças a todos estes "ses" que o pavor aumentava, a ansiedade e a necessidade de, ou me deitar, ou me sentar, muito quietinho, a olhar para o relógio para ver quando chegava a hora da minha mulher regressar a casa. Quantas vezes me sentava à janela, dizem vocês: para veres o movimento, para te distraires, que bom, assim o tempo passa mais depressa. NÃO, não era por isso. Quantas vezes me sentava à janela para ver que carros, de vizinhos, estavam estacionados e que me davam a certeza de que eles estariam em casa e, caso me sentisse mal, saberia a quem recorrer. Por um lado era bom, mas o principal, era errado, muito errado.
Tudo era medo, apenas queria ficar sentado, ou deitado e a ouvir rádio, ou a ver televisão. Acreditam que era antes da minha mulher sair de casa, para o trabalho, que eu me levantava para tomar banho? Porquê? O medo... o medo de ficar sózinho e pensar que me sentiria mal na banheira e assim, ainda tinha a sua companhia.
Meus caros (Bipolares),
Há coisas do Arco-da-Velha.
Não sei, nem quero saber, o que será o dia de amanhã, mas o que sei é que, com o divórcio, fui "obrigado" a viver sózinho, a procurar casa e adaptar-me à nova condição de vida.
Falei, quando ainda falava, com os poucos familiares que tenho, para uma possível partilha do seu espaço, de um quarto, da companhia. Ninguém considerava reunir condições para me acolher. Não os condeno, era, também para eles, uma mudança de vida e isso, qualquer um sabe o quanto pode acarretar e dar que pensar.
Tive o "respeito" da minha ex-mulher e, como pai do nosso filho, de permanecer em casa até encontrar uma outra para viver. Foi-me disponibilizado um quarto e todo o restante uso da casa.
É um agradecimento, que hoje, não há palavras que dignifiquem tamanha ajuda, tamanho respeito por mim.
Bem, deitei maos à obra e, apareceu. Até nem foi muito díficil, encontrar a tal casa que implicava a mudança de vida e, o medo...o medo de como seria. Não só pela doença e os meus traumas, mas acrescentando o facto de deixar de viver com o meu filho, todos os dias. Podem crer e isso não é para os assustar, mas é um momento da nossa vida que nos afecta muito. A casa estava encontrada e aos poucos fui levando alguns pertences, mas o passar do resto do dia, o dormir, ainda era na casa da minha ex-mulher. Não estava preparado e não conseguia controlar o medo.
Meus caros (Bipolares),
Nenhum dia é igual a outro e...
Acreditem, foi um "pufff..." que bateu na minha cabeça.
Um certo dia e, quando me encontrava a arrumar e a fazer alguns trabalhos como, limpar janelas, chão, paredes, prateleiras...etc, que me senti cansado e me deitei na minha cama, já armada. Entretive-me a ouvir todo o ambiente exterior, o movimento de carros, de pessoas e outros, todos eles novos para mim. Sei que adormeci e ao acordar, de imediato vou a uma das janelas, com vista para a baía e puz-me a pensar...apenas pensei e olhei todo aquele movimento. Peguei o telemóvel e disse à minha ex-mulher... Hoje fico aqui a dormir!
Meus caros (Bipolares),
Muito havia para contar, mas apenas uma, é para mim, o "marco" de uma nova vida.
As palavras que hoje vos estou a escrever são, ainda, como se esse dia, o do "pufff...", não tivesse terminado e eu ainda aqui estou, sózinho...na minha casa. Tenho muitas coisas para fazer, ainda.
Tem sido uma diferença como do dia para a noite, claro que não posso deixar de salientar o quanto partilhei com os meus médicos, esta nova mudança e o quanto foi colaborante, um reajustar de medicamentos. De outro modo não fazia sentido. O facto, é a pogressão, positiva e no quanto me sinto bem com as minhas "quatro paredes" que me pedem dedicação e, me impedem de pensar, no que não faz falta para as embelezar... O MEDO DE VIVER SÓZINHO,
porque não me sinto. Tenho muitos motivos que me ocupam.
(continua)

02/07/2010

O exemplo...

Faço questão de agradecer a uma Amiga, reproduzindo neste meu espaço a carta que me escreveu, digna de evidenciar a Amizade, independentemente de eu ser um doente Bipolar.
Obrigado, Amiga, por seres minha Amiga e
Obrigado pela dedicação, quando te faço viver os meus momentos menos bons, apoiando-me.


Amigo,
Quantas vezes já te disse que gosto de ti?
Quantas vezes já te disse que te adoro?
Quantas vezes já te fiz sorrir?
Hoje, sinto que to devo dizer aqui, neste espaço que partilho, e que visitas.
Adoro-te, sim, meu amigo, e encho o peito para falar deste sentimento que me une a ti.
Dizes que sou única e chamas-me princesa...a tua princesa menina...e eu sorrio, por isso não gosto de ser chamada assim por mais ninguém.
Choro quando sofres...porque te fazem sofrer, mas não tenho pena de ti, sabes?
Porque teria pena de alguém tão grandioso como tu?
És um pai fabuloso...um filho atento...um amigo excepcional e és o melhor artista com quem já tive o privilégio de privar.
A vida quis-te encostar a um canto, quando a bipolaridade te foi diagnosticada...mas tu lutaste, ergueste-te e venceste-a.
E agora aí estás tu.
Tu...a poesia...a fotografia...a luta...o desenho...e o grande amor que sentes pela vida.
Quando te conheci e me contaste sobre essa companheira que terás até...sempre... assustei-me...mas aos poucos aprendi que não é ela a má da fita na tua vida...mas os outros, os que não te sabem aceitar ou os que fingem aceitar-te e amar-te...e todos os que, contrariamente a ti, enganam, iludem, mentem...
EU não tenho vergonha de ti, sabes?
EU orgulho-me MUITO de ti!
Dizes-me, muitas vezes, quando te mostro ser mais bipolar do que tu, que a minha bipolaridade passa sem medicação...e que a tua só passa com ela.
É verdade...porque, na realidade, não sou bipolar, mas também é verdade que, ao contrário do que muita gente pensa, ser bipolar não apresenta qualquer perigo quando se aceita a doença, como tu aceitaste, e quando se deposita nos médicos a confiança que tu depositas.
Quantos não bipolares gostariam de ser tão equilibrados como tu!
És o meu melhor amigo, sabes?
Por isso não te quero esconder...
Tens 52 anos, amigo.
Estás vivo...os teus olhos brilham como os de ninguém, quando reconheces ser respeitado como o ser humano lindo que és.
Põe a bengala no lixo...apaga o cigarro, que não te pertence, e olha-a.
ELA é a VIDA...a VIDA que ainda te falta viver!


(Desenhado por Segredos... "Eu")

Sabes, amigo, que um dos meus sonhos de sempre era ser psicóloga?

É curioso, não é?

Talvez por isso te respeite tanto!

Beijinhos

01/07/2010

Respeitar...

(Dirigido ao anónimo que comentou em segundo lugar, no post anterior. O primeiro comentário, está dentro do perfil contextual do blogue).
Caro/a Anónimo/a,
Em primeiro lugar quero pedir-lhe que não use este blogue para comentários, com a expressividade pessoal que deixou no meu último post.
Este blogue é sobre algo com o qual não se brinca, a Saúde.
Se reparar, ele foi criado para partilhar, com outras pessoas que são, tal como eu, portadoras da doença Bipolar (e outras que, não sendo portadoras, têm na sua vida alguém que o é), experiências da minha vida real com a doença. É, apesar de não sermos uns "coitadinhos", porque não somos, um espaço que pretende dar força, a quem dela necessita para viver com a doença, sem que a mesma nos proíba de continuar a sentir o prazer de sorrir.
Por favor, independentemente de não se identificar, tenha, pelo menos, respeito pela finalidade do blogue e pelas pessoas a quem ele se dedica.
Quanto ao seu objectivo com o comentário que, se era para criar confusão e denegrir o meu bom nome e postura, já criou, permanece em mim a consciência tranquila. Contudo, deixo-lhe o meu endereço de mail para que possa, aí sim, se tiver algum motivo para tal, que eu desconheço, se expressar a seu gosto e permitir a minha resposta.
Obrigado